

Proporcionar uma experiência de aprendizagem inovadora, inclusiva e mediada pela ciência passa pela escola, mas também por um olhar especializado.
A Avaliação do Perfil Cognitivo é o caminho - ela pode ajudar a responder várias questões com relação ao processo de aprendizagem tal como a forma como o cérebro aprende.
O ensino já não é mais concebido como uma instrução, mas como uma transmissão cultural que combina ciência e arte, para criar ecossistemas de aprendizagem mais produtivos...
...e onde todas as crianças aprendam, tendo em consideração a sua neurodiversidade.
Como nosso cérebro aprende? Nosso cérebro passa por um processo de criação de caminhos para adaptação ao novo. Esse processo é a capacidade que o nosso cérebro tem de aprender e se reprogramar. Essa é uma habilidade que está presente nas células nervosas e que permite que todo o nosso sistema nervoso possa se ajustar a diversas situações, como lesões e traumas, a Neuroplasticidade acontece quando se insere informações novas de forma sistemática e repetida, formando memórias. Essas memórias são o caminho para o processo de aprendizagem.
Explicar a cognição e intervir na sua modificabilidade, que é um dos objetivos cruciais da educabilidade do ser humano, pressupõe, em primeiro lugar, concebê-la como tendo origem social, e como sendo composta por três componentes principais do processo total de informação: conectividade, sequencialidade e interatividade.
O termo cognição é, consequentemente, sinônimo de processo de conhecimento.
A cognição é, portanto, sistêmica, emerge do cérebro como resultado da contribuição, interação e coesão do conjunto de funções mentais.
Para simplificar, diremos que a aprendizagem humana espelha uma mudança de comportamento provocada pela experiência prolongada (no mínimo 2.000 horas de prática sistemática), sendo este descrito como uma sequência de operações e estádios mentais.
Aprender a aprender é, portanto, praticar, treinar, aperfeiçoar e redesenvolver tais funções e capacidades cognitivas, integrando harmoniosamente as capacidades conativas e executivas, que são pouco estimuladas culturalmente e escolarmente, por isso, mal adaptadas, deficitárias, frágeis ou fracas em muitas crianças e jovens que lutam diariamente na sala de aula para terem mais rendimento e aproveitamento na aprendizagem.
O desenvolvimento de funções cognitivas, conativas e executivas é uma das chaves do sucesso escolar e do sucesso na vida - quanto mais precocemente for implementado, mais facilidade tende a emergir nas aprendizagens subsequentes.
A conação diz respeito, em síntese, à motivação. Os seus componentes de otimização funcional são:
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de valor (porque faço a tarefa);
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de expectativa (que faço com a tarefa);
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afectiva (como me sinto na tarefa).
As funções conativas cooperam com as funções executivas na otimização comportamental e na aprendizibilidade permanente.
FUNÇÕES EXECUTIVAS DA APRENDIZAGEM
Todas as disfunções executivas têm um impacto significativo em dificuldades de comportamento e de aprendizagem.
A maioria das tarefas escolares exige, de fato, a coordenação e a integração coerente das múltiplas funções executivas, não é de estranhar, portanto, que muitas crianças e jovens com disfunções ou dificuldades executivas ou com funções executivas vulneráveis e afuniladas, apresentem problemas de sobrecarga de informação. Como resolver? Sendo funções tão essenciais e necessárias ao sucesso escolar, a cultura da escola, os arquitetos dos currículos e os próprios professores, na maioria dos casos, desconhecem os processos executivos dos alunos, não os avaliando dinamicamente ou informalmente (em áreas fortes, em zonas de desenvolvimento proximal ou em áreas fracas), nem tampouco ensinam sistematicamente estratégias para que eles sejam ajudados a compreender como eles pensam, se comunicam, agem e como aprendem.
É a esse conjunto diversificado de competências mentais e frontais que são as funções executivas, funções muito significativas que são exigidas para organizar e integrar informação disponível.
O sucesso escolar dos alunos depende muito da sua habilidade para manejar as funções executivas, quer na escola, quer em sua casa ou na sua vida diária.
Crianças e jovens com vulnerabilidades e fragilidades nas Funções Executivas são mais facilmente candidatos ao sofrimento emocional, ao insucesso e ao abandono escolar.
As funções executivas otimizam desempenho cognitivo, aperfeiçoam as respostas adaptativas e o desempenho comportamental em situações que requerem a operacionalização, a coordenação, a supervisão e o controle de processos cognitivos e conativos, básicos e superiores. De certa forma, reúnem um conjunto de ferramentas mentais que são essenciais para aprender a aprender, como no caso de alunos brilhantes intelectualmente, mas que não têm um rendimento compatível com o seu potencial. Por esse fato, as disfunções executivas são frequentemente associadas a alunos com dificuldades atencionais e com dificuldades de aprendizagem específicas (por exemplo, disgnosias, dispraxias, disfasias, dislexias, disgrafias, disortografias, dismatemáticas, etc.)
Temos também disfunções desenvolvimentais, que se tratam de funções metacognitivas fundamentais para a aprendizagem, funções executivas que permitem, manter, gerir e manipular a informação, alterar ou inibir procedimentos quando necessário, agir em função de objetivos a atingir, pensar no pensar, etc. Assim, quero ressaltar a importância de pais e professores compreenderem, efetivamente, as ferramentas metacognitivas que são características de mentes motivadas e curiosas que permitem atingir, de fato, a excelência cognitiva, quando devidamente treinadas e trabalhadas - são elas: percepção, atenção, que é uma habilidade do processo executivo, a memória de trabalho (localização, recuperação, rechamada, manipulação, julgamento e utilização da informação relevante, etc); controle inibitório (iniciação, persistência, esforço, inibição, regulação e auto-avaliação de tarefas, etc); ideação (improvisação, raciocínio indutivo e dedutivo, precisão e conclusão de tarefas, etc); planificação e a antecipação (priorização, ordenação, hierarquização e predição de tarefas visando a atingir fins, objetivos e resultados, etc); flexibilização (autocrítica, alteração de condutas, mudança de estratégias, detecção de erros e obstáculos, busca intencional de soluções, etc); metacognição (auto-organização, sistematização, automonitorização, revisão e supervisão, etc), decisão (aplicação de diferentes resoluções de problemas, gestão do tempo evitando atrasos e custos desnecessários, etc) e execução (finalização e concomitante verificação, retroação )
É importante treinar as funções executivas no âmbito da intervenção neuropsicopedagógica e, especialmente no contexto da educabilidade cognitiva, para que o potencial de aprendizagem das crianças e dos jovens possa ser maximizado, otimizado, regulado, controlado, enriquecido, potenciado e educado, assim, mais preparado para as exigências e pré-requisitos de situações-problema, quer da escola, quer da vida futura.
Segundo a neurociência, as crianças e os jovens em situação das primeiras aprendizagens simbólicas precisam especialmente treinar capacidades de inibição e de memória de trabalho para que se torne óbvio aprimorar precocemente, digamos, já na pré-escola, tais capacidades executivas, conativas e cognitivas.
As funções executivas, quando aprendidas, integradas e amadurecidas transformam os processos de aprendizagem do complexo ao simples; do pensamento à ação; da palavra ao gesto; do conceito à imagem; do abstrato ao concreto, do verbal ao não-verbal, etc, por isso, os objetivos, as expectativas e o contexto dos currículos escolares gerem e regem o processo de aprendizagem. Sem funções executivas eficientes, o ciclo do sucesso escolar não é atingido com facilidade nem prazer. Para ultrapassar tais situações devemos não só intervir ao nível dos estudantes, mas também ao nível dos currículos disciplinares, ao nível dos seus planos de instrução, ao nível dos seus conteúdos e ao nível dos seus processos de ensino-aprendizagem.
A atenção é um aspecto fundamental para a aprendizagem dos alunos e quatro aspectos podem ser incluídos em sua prática para otimizar aprendizagem
1. Contraste. Ao ensinar um conteúdo, deve-se não somente apresentá-lo isoladamente, mas colocá-lo em relação com outro. “Por exemplo, ao explicar sobre um país, no lugar de falar apenas sobre ele, procure contrastá-lo com outro”, aconselha a pedagoga.
2. Novidade. Procure diversificar as propostas e os ambientes pedagógicos. “Fazer aulas em ambientes e com formatos e estímulos variados tem um impacto muito positivo.”
3. Movimento. Depois de 20 minutos prestando atenção, o cérebro perde muita energia, diz a especialista. “Por mais que queiramos continuar, é difícil. Para recarregar, é preciso beber líquido, comer e se movimentar”, explica. Em sala de aula, é possível planejar atividades que exijam algum tipo de movimentação, mesmo que seja apenas levantar para conversar com o colega. “Isso já é suficiente para gerar energia e [o aluno] se concentrar por mais tempo.”
4. Recompensa. Aqui, vale ressaltar que o ideal é que a recompensa não seja algo material, mas algo que traga reconhecimento. “Por exemplo, [o professor] pode combinar que depois daquela atividade a turma pode escolher uma música ou um jogo”,
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O papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica.
Alunos e professores precisam aprender a usar os instrumentos cognitivos - os alunos na linguagem corporal, artística, falada, escrita e quantitativa da cultura em que estão inseridos. Nos professores, quando transmitem, mediatizam e ensinam competências e conhecimentos, uma vez que está implícita no ato educativo uma interação entre dois sujeitos, isto é, uma intersubjetividade.
Neuropsicopedagogia procura reunir e integrar os estudos do desenvolvimento, das estruturas, das funções e das disfunções do cérebro, ao mesmo tempo que estuda os processos psicocognitivos responsáveis pela aprendizagem e os processos psicopedagógicos responsáveis pelo ensino.